Enquanto os médicos trabalhavam ao lado das equipes de resgate para retirar os vivos dos escombros após a tragédia do terremoto deste ano na Turquia, havia pouca demarcação entre a atenção dada aos adultos e a atenção dada às crianças. Mas suas necessidades em tempos de crise podem ser muito diferentes. Observando essa diferença, a equipe do Hadassah começou a se concentrar no gerenciamento de desastres pediátricos e está na vanguarda de sua introdução no Sistema Médico Israelense.

“Ninguém diz ‘se haverá um grande terremoto em Israel’, mas sim ‘quando’”, diz a Especialista em Pronto-Socorro Pediátrico do Hadassah, Dra. Lea Sarna Cahan. “Precisamos estar preparados.” Juntamente com o Chefe do Departamento, Dr. Saar Hashavia, a Dra. Sarna Cahan acaba de sediar o primeiro simpósio de Israel sobre Gerenciamento de Desastres pediátricos. O Ministério da Saúde, Magen David Adom, e vários hospitais do país estiveram representados no simpósio.

Falando no evento, os principais especialistas de Israel admitiram que não está sendo feito o suficiente para preparar o tratamento de crianças. A equipe do Hadassah explicou as necessidades específicas dos jovens. “O mais importante do ponto de vista psicológico é garantir que as crianças saibam que o evento acabou, que podem respirar e relaxar”, disse o Dr. Fortunato Ben-Arroch, Chefe do Centro de Pós-Trauma Pediátrico e do Adolescente no Hadassah Monte Scopus, dizeram os participantes. “Devemos explicar tudo para as crianças a cada passo e não falar acima de suas cabeças. Também é imperativo limitar seu acesso à mídia”.

Mas mesmo antes do tratamento, as equipes hospitalares enfrentam desafios, como explica a Enfermeira do Departamento de Medicina de Emergência Merav Kamer. “Apenas identificar uma criança pode ser uma tarefa importante. Muitas vezes, eles estarão desacompanhados, não sabem o número do seu documento de identidade nacional, podem não falar ou ser muito jovens para falar”.

Os recentes acontecimentos trágicos em Israel mostraram como pode ser difícil o processo de identificação de crianças feridas. Hospitais israelenses foram inundados com crianças ultraortodoxas após o esmagamento acontecido no Monte Meron e quando uma galeria desabou em uma sinagoga de Jerusalém. “Os meninos estavam todos vestidos da mesma forma, não tinham jóias ou tatuagens de identificação e, em feriados religiosos, não carregavam telefones, se é que os carregavam”, explicou Kamer.

Ela contou à platéia sobre outros desafios: as crianças ouvem tudo o que é dito em torno de sua cama de hospital, algumas fogem durante a confusão de uma Enfermaria agitada e a grande maioria da equipe do hospital é treinada para tratar adultos, não crianças.

Os doutores Hashavia e Sarna Cahan estão agora concluindo pesquisas sobre como o problema foi abordado na prática nas primeiras semanas da guerra na Ucrânia, quando milhares de crianças se tornaram refugiadas da noite para o dia. Eles estão tentando estabelecer quanto treinamento prévio a delegação de médicos israelenses recebeu, que ajuda psicológica receberam e muito mais.

“Não se trata apenas do tratamento de lesões”, diz a Dra. Sarna Cahan. “Precisamos aprender sobre terremotos, ameaças radiológicas e outros desafios no campo. As crianças representam 30% da população mundial. Em algumas cidades de Israel, esse número pode chegar a mais de 50%. Precisamos atender às suas necessidades.”

O esforço do Hadassah para promover o gerenciamento de desastres pediátricos faz parte de uma política mais ampla, liderada pelo novo Diretor da Divisão Pediátrica, Prof. Itai Shavit, para ser a principal unidade de atendimento terciário de medicina de emergência pediátrica de Israel.

“Estamos muito orgulhosos do papel que Israel desempenha no mundo todo”, diz o Dr. Sarna Cahan. “As pessoas sabem que, por causa dos ataques terroristas aqui, temos muita experiência.”

O Hadassah é um líder neste campo, e os médicos acreditam que o simpósio é apenas o primeiro passo para criar expertise pioneira nesta área no Hadassah durante crises domésticas e internacionais.