Elas fazem turnos extras. Elas se voluntariam para as Unidades de Surto do COVID-19. Elas têm vidas familiares ocupadas. Ainda assim, as enfermeiras da Organização Médica Hadassah continuam a realizar pesquisas e publicar regularmente.

Sigal Shafran-Tikva, Diretora de Pesquisa e Inovação em Enfermagem, juntamente com Julie Benbenishty e Naela Hayek, por exemplo, analisaram o impacto do apoio social e emocional estruturado que as líderes da Divisão de Enfermagem de Hadassah forneceram às enfermeiras que trabalhavam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de COVID-19. Seu estudo “Adaptação da Equipe de Enfermagem da UTI trabalhando durante a Pandemia de COVID-19:  Análise do Grupo de Foco Qualitativo” aparece no Journal Journal of Anesthesia and Intensive Care.

Como explicam as autoras: “No mundo todo, as enfermeiras de UTI para a pandemia de COVID-19 sofreram de ansiedade, estresse e depressão devido à alta carga de trabalho, à insuficiência de equipamentos de proteção individual, à falta de conhecimento do patógeno e à falta de contato direto com os pacientes. A ação de liderança é necessária para avaliar e cuidar da saúde mental e do bem-estar das enfermeiras. Os líderes de enfermagem precisam usar estratégias inovadoras para sustentar e apoiar às enfermeiras.”

Entre as estratégias de Hadassah estavam grupos focais onde os participantes podiam transmitir os desafios logísticos, clínicos e emocionais que estavam enfrentando enquanto trabalhavam nas UTIs de COVID-19. Os pesquisadores de enfermagem analisaram as percepções e experiências dos participantes, que incluíram 15 enfermeiras que, antes da pandemia, trabalhavam em UTIs respiratórias, médicas, cardíacas e neurocirúrgicas.

As participantes referiram que trabalhar em um ambiente desconhecido, com incerteza do plano de tratamento, tratamento não padronizado, dificuldade na tomada de decisões clínicas, pressões familiares de casa e estresse das famílias de pacientes gravemente doentes agravaram as dificuldades do trabalho diário. Como resultado dos grupos focais, observam os autores do estudo, as líderes de enfermagem foram capazes de enfrentar os desafios e melhorar as condições de trabalho. Por exemplo, as enfermeiras enfatizaram que se sentiam abandonadas, sem liderança direta. Em resposta, as líderes de enfermagem adicionaram treinamento e supervisão para a equipe de enfermagem de Covid-19. Também aliviaram o estresse reduzindo o número de pacientes por quarto e esclarecendo os regimes de tratamento.

Demonstrando preocupação com a saúde emocional da equipe, as enfermeiras receberam alimentos especiais trazidos para a Unidade e foram oferecidas consultas psicológicas gratuitas para qualquer funcionário que solicitasse ajuda. “Muitas enfermeiras”, relata Benbenishty “receberam meses de atendimento de saúde mental dos psicólogos empregados no hospital”.

Essa receptividade por parte das lideranças de enfermagem indicou as enfermeiras que a administração de enfermagem ouviu seriamente suas questões e levou suas recomendações a sério.

Os pesquisadores de enfermagem descobriram, também, que o elogio externo, juntamente com um forte esprit de corps entre aqueles que trabalham nas unidades de COVID-19, reforçaram a resiliência das enfermeiras. Além disso, quando essas enfermeiras voltaram às suas UTIs originais, elas foram vistas como heroinas, tendo ganhado mais conhecimento e respeito.