Pesquisadores do Hadassah Medical Center, em colaboração com colegas da  Hadassah-Hebrew University School of Medicine, desenvolveram um exame de sangue que detecta definitivamente a morte de células musculares do miocárdio que segue um ataque cardíaco agudo e nos casos de sepse.

O novo exame de sangue utiliza padrões de metilação dentro de fragmentos de DNA que circulam na corrente sanguínea (cfDNA) para determinar a extensão do dano ao coração. Portanto, os pesquisadores propõe que as medidas de cfDNA cardíaco podem se tornar um novo marcador específico para danos ao miocárdio, potencialmente complementando os marcadores disponíveis atualmente.

O plasma de indivíduos saudáveis essencialmente não contém cfDNA, enquanto pacientes que vivenciaram um ataque cardíaco agudo apresentam um sinal robusto de cfDNA cardíaco que está relacionado com altos níveis de troponina. Mais interessante, foi verificado que a presença de DNA cardíaco no plasma de pacientes com sépsis indica uma probabilidade quatro vezes mais alta do paciente vir a falecer dentro de um período de 90 dias da hospitalização. Esses achados, dizem os autores do estudo, indicam que a morte de células do miocárdio é um importante fator na determinação de mortalidade após a sepse, e que uma alta quantidade de cfDNA cardíaco é um forte biomarcador prognóstico em casos de sepse. Da mesma maneira, os autores notam, “a forte correlação entre cfDNA cardíaco e a mortalidade ressalta a importância da saúde cardíaca em facilitar a sobrevida em casos de sepse. Estes achados podem ter implicações na conduta com pacientes sépticos.”

Apesar do padrão-ouro para o diagnóstico de danos ao coração ser a troponina, um biomarcador proteico, ela tem suas limitações. Como os pesquisadores explicam, é difícil determinar se a liberação de troponina na corrente sanguínea necessariamente reflete a morte do musculo cardíaco ou apenas danos reversíveis ao músculo cardíaco. Além disso, disfunções renais, uma condição comum em pacientes com doenças cardíacas, diminui a taxa de filtragem da troponina e complica a interpretação de níveis elevados da proteína. Em contraste, o cfDNA cardíaco reflete diretamente danos ao coração e não sofre alteração de disfunções renais.

Os pesquisadores reconhecem que mais experiências são necessárias para testar a ideia de que o cfDNA cardíaco é um marcador exclusivo para a morte do cardiomiócito, e para validar a utilidade clínica deste novo biomarcador.

Os autores concluem que medições de cfDNA cardíaco capturam morte de células do cardiomiócito associadas à infartos do miocárdio, e que a análise do cfDNA cardíaco pode identificar morte de células do coração muito cedo após a ocorrência de uma isquemia (insuficiência de irrigação sanguínea). Estudos adicionais mais detalhados são necessários para determinar como o cfDNA cardíaco se compara à troponina na predição do tamanho de infartos e na função cardíaca de longo prazo.

Os resultados do estudo foram publicados na edição online de 24 de Abril, 2018, da  Nature Communications, em um artigo entitulado “Non-invasive Detection of Human Cardiomyocyte Death Using Methylation Patterns of Circulating DNA.” O estudo foi uma colaboração entre pesquisadores do Hadassah Medical Center’s Department of Cardiology, Department of Cardiothoracic Surgery, Endocrinology and Metabolism Service, Department of Anesthesiology and Critical Care Medicine, e do Department of Developmental Biology and Cancer Research at The Institute for Medical Research Israel-Canada of the Hadassah-Hebrew University School of Medicine.

Legenda da imagem: Níveis de cfDNA cardíaco em pacientes com sepse