O momento em que uma mulher descobre que tem câncer de mama é particularmente chocante e confuso. Marca o início de uma longa jornada, composta por cirurgias e tratamentos que trazem consigo uma série de efeitos colaterais antes que a mulher consiga a tão esperada recuperação e volte à vida normal.
Para ajudar as pacientes a passar por essa jornada emocional, no Hospital Hadassah Ein Kerem e no Hospital Hadassah Monte Scopus, as mulheres recebem orientação pessoal de uma Enfermeira Coordenadora especializada em câncer de mama. Essas Coordenadoras fornecem “Medicina com Alma”, tornando-se uma âncora de conhecimento e estabilidade para as pacientes enquanto elas transitam pela burocracia médica. “Medicina com Alma” é um projeto único, iniciado pelo Conselho de Administração da Organização Médica Hadassah, liderado por Dalia Itzik.
Cada paciente com câncer de mama é tratada por uma equipe multidisciplinar, composta por radiologistas, cirurgiões, oncologistas, patologistas, enfermeiras, psicólogos, assistentes sociais e, quando necessário, especialistas em preservação da fertilidade, cirurgiões plásticos e geneticistas. O objetivo final é oferecer um atendimento ideal, minimizando os riscos de complicações e reduzindo a necessidade de internações, melhorando assim a qualidade de vida do paciente.
Além disso, o Prof. Tanir Allweis, Diretor do Complexo Hadassah de Mama e do Departamento de Cirurgia da Mama, observa: “O tratamento é sempre personalizado e depende de parâmetros totalmente individuais”.
Há também uma Coordenadora de Enfermagem dedicada a mulheres jovens, que entende suas necessidades únicas e trabalha ao lado de uma equipe de dedicados psicólogos no Complexo da Mama.
A Enfermeira Coordenadora é uma “bússola” que indica o caminho. Como explica a Coordenadora de Enfermagem do Hadassah Ein Kerem, Smadar Daniel-Gadsi, “Eu acompanho a paciente desde o diagnóstico até o tratamento e acompanhamento. Colaboro no agendamento e coordenação de exames e tratamentos, ajudando a paciente a administrar os efeitos colaterais, fortalecendo-a e apoiando-a com empatia.”
A Dra. Shani Paluch-Shimon, Diretora da Unidade de Oncologia Mamária do Hadassah, observa: “Muitas vezes, quando a paciente vai ao oncologista pela primeira vez e recebe um plano de tratamento que inclui uma explicação dos efeitos colaterais, ela fica emocionalmente sobrecarregada, assustada e muitas vezes sai da sessão sem se lembrar de tudo o que lhe foi dito.”
Ela acrescenta: “A paciente precisa de tempo para digerir as informações e coletar suas perguntas. Aí a Enfermeira Coordenadora senta com ela e orienta. Quando a paciente vê que tem alguém disponível para consultar, para tirar as dúvidas que a incomodavam no meio da noite, ela fica mais tranquila.”
Daniel-Gadsi destaca que as mulheres que recebem um diagnóstico inicial de câncer passam por uma série de exames antes mesmo de terem a consulta com um oncologista ou cirurgião. Isso pode levar vários dias em que seus níveis de estresse se intensificam, pois eles começam a ler online sobre o câncer de mama, absorvendo informações que não são necessariamente relevantes para sua situação.
“Elas criam roteiros assustadores em suas cabeças”, diz ela, “o que pode piorar a pressão. Muitas vezes, quando elas vêm a mim para orientação inicial, na melhor das hipóteses, ficam confusas e muitas vezes desanimadas; na pior das hipóteses, elas se sentem completamente perdidas.”
Daniel-Gadsi dá a elas uma imagem realista de sua situação, oferecendo empatia e esperança. “É importante para mim cultivar uma sensação de segurança dentro delas de que estão em um lugar seguro e que o Sistema de Mama do Hadassah foi construído para apoiá-las durante toda a jornada.”
Liza Monas, Enfermeira Cirúrgica do Hadassah Ein Kerem, acrescenta: “O câncer de mama aparece em um órgão muito feminino, que toda mulher deseja preservar. As mulheres têm muito medo de perder sua feminilidade, sexualidade e intimidade. Ela explica que quando garante que a mama pode ser reconstruída com ótimos resultados, elas relaxam.”
De acordo com Monas, “as taxas de recuperação do câncer de mama são relativamente boas e isso dá aos pacientes muito otimismo sobre o futuro”. Em muitos casos, porém, a crise emocional surge quando os tratamentos terminam, quando é hora de voltar à vida normal.
A Dra. Paluch-Shimon explica: “Até esse ponto, a paciente está constantemente ocupada com exames e procedimentos. De repente, ela agora tem tempo para processar tudo o que passou. Mesmo nesta fase, a enfermeira continua a ser um ponto de contacto e apoio, para acalmar as suas tão compreensíveis ansiedades, para decidir se é necessário envolver os médicos, o pessoal psicossocial ou encaminhá-la para um médico de família.”
Um Olhar para o Futuro
Olhando para o tratamento do câncer de mama no futuro, a Enfermeira Coordenadora Daniel-Gadsi comenta: “Nós, como sociedade, precisamos mudar a terminologia militar que usamos ao falar sobre o câncer. Não é uma guerra que precisa ser vencida. Afinal, não há vencedoras ou perdedoras aqui. Uma paciente pode sentir que não fez o suficiente se o tratamento não funcionar, D´s a livre, ou pode sentir que falhou se não puder mais tolerar os efeitos colaterais. O câncer é uma doença que se comporta de acordo com suas próprias regras e nem sempre responde conforme o esperado. Portanto, o tratamento do câncer não é uma batalha, mas uma jornada, e percorremos essa jornada de mãos dadas com nossas pacientes”.