A Dra. Donna Zwas, diretora do Centro de Bem Estar Cardiovascular Feminino Linda Joy Pollin de Hadassah, responde perguntas em relação as diferenças em como o COVID-19 afeta homens e mulheres e seu impacto nas condições do coração das pessoas.
Há diferenças de gênero em como o COVID-19 afeta mulheres e homens?
Informes do mundo todo sugerem que o número de casos confirmados de COVID-19 é semelhante em homens e mulheres. Praticamente em todos os países, porém, há mais mortes confirmadas por COVID-19 entre os homens. Uma vez que estão diagnosticados, parece que há maior risco de morte para eles.
Nós não sabemos por que é isso. O vírus frequentemente entra no corpo ligando-se a uma proteína chamada ACE2. A ACE2 esta presente nas células que revestem o nariz, a boca e os pulmões. Os níveis de ACE2 são mais altos em homens, significando que mais células possam ser vulneráveis ao vírus, e isso, por sua vez, possa levar a um maior risco entre homens frente ao COVID-19 de resultados severos e morte.
Questões de gênero também podem ser um fator. Os homens fumam mais e bebem mais álcool, o que contribui para a severidade da doença. Os homens também procuram ajuda mais tarde que as mulheres, que pode também afetar adversamente os resultados.
Alguém que tem problemas do coração tem mais risco de pegar COVID-19 que alguém que não tem uma condição cardíaca?
Por enquanto, parece que qualquer um pode ser infectado, e nós não temos dados sugerindo que um grupo de pessoas tem condições de ter mais ou menos probabilidade de ser infectado uma vez exposto.
Nos ainda não sabemos se pessoas com condições cardíacas subjacentes têm mais possibilidade de mostrar sintomas da infecção ou de ter uma infecção mais severa que outras. Por enquanto maioria das pessoas que pegam o COVID-19 adquire um tipo leve, mesmo que tenham problemas do coração. Até um 5 por cento pode desenvolver pneumonia ou doenças mais serias.
Nós recomendamos cautela extra para aqueles que têm sido diagnosticados com uma condição cardíaca significativa, incluindo insuficiência cardíaca, função cardíaca reduzida, níveis de oxigênio reduzido na linha basal do sangue ou uma tendência a desenvolver ritmos cardíacos significativamente anormais. Hipertensão, diabetes, obesidade e idade avançada são todos fatores de risco para doenças mais serias. Pessoas que tem imunossupressão devem também se considerar a si próprias como de alto risco.
Pode o COVID-19 infetar meu coração?
Não há evidencia de que o vírus infecte as válvulas do coração (endocardite). Também não há motivo para estar preocupados com que o vírus vai infectar peças implantadas tais como marca-passos e desfibriladores.
Quando as pessoas tornam-se seriamente doentes com o COVID-19, elas têm uma crescente probabilidade de desenvolver coágulos de sangue em artérias e veias. Isso pode levar para ataques cardíacos, derrames e coágulos sanguíneos nos pulmões.
Também há dados que sugerem que numa percentagem de casos, a infecção de COVID-19 pode levar a inflamação do coração. Por enquanto, nós não vemos evidencia de que o vírus ataque as células musculares do coração, mas em vez disso há inflamação nos tecidos que estão em torno às células musculares.
Se eu sentir dor no peito, que devo fazer?
Quando as taxas de infecção com o COVID-19 estão altas, todos nos tentamos evitar procedimentos eletivos e nenhuma situação que possa aumentar a exposição ao vírus. Ao mesmo tempo, como as pessoas estão preocupadas em relação a vir ao hospital durante a pandemia, elas estão esperando mais antes de buscar ajuda. Temos visto muitos pacientes de ataques cardíacos que tem postergado buscar cuidado médico por tanto tempo, que na hora que chegam, eles têm sofrido um significativo dano cardíaco irreversível. A pesquisa mostra um 28 por cento de aumento em complicações serias que pode ser atribuído à chegada tardia.
Os paramédicos e os hospitais agora têm desenvolvido sistemas de triagem rápida para permitir a rápida detecção de condições cardíacas sérias e então separar pacientes com suspeita de COVID-19 de outros pacientes.
Se você experimenta desconforto no peito, pressão ou dor no peito, respiração encurtada, dor na mandíbula, ombros, braços, abdômen superior ou parte superior das costas, especialmente se eles vêm acompanhados por tontura, sudorese ou náusea e vômitos, você pode estar tendo um ataque cardíaco. Procure cuidado medico imediatamente.
Como afeta o isolamento social da pandemia à saúde em geral?
O isolamento social e a solidão estão associados com 29 por cento de risco de ataque cardíaco e 32 por cento de aumento de risco de derrame. É por isso que é tão importante manter sua rede social mesmo que remotamente. Tente estar em comunicação com a família e os amigos numa base regular.
Estar em autoquarentena e se manter em casa a maior parte do dia faz mais difícil manter hábitos saudáveis para o coração. É mais difícil comer corretamente e se exercitar. Imagine quanto vai ajudar você comer corretamente e se exercitar.
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