Derrubar mitos sobre mulheres e saúde do coração e alertar sobre as diferenças de gênero em doenças cardíacas foram os objetivos principais da Conferência sobre Medicina e Gênero, patrocinada pelo Hadassah Israel no final de Novembro.

Liderada pela Presidente do Hadassah Israel, Rachel Oren, a conferência foi realizada em parceria com a cidade de Raanana, com mais de 70.000 habitantes no centro de Israel. O prefeito de Raanana, Zeev Bielsky, que cumprimentou os participantes, expressou sua esperança de que a conferência pudesse marcar “uma nova rota de cooperação, particularmente na Medicina Preventiva entre o Hadassh e a cidade.”

O Prof. Yoram Weiss, Diretor Médico do Hospital Hadassah Ein Kerem, trouxe os cumprimentos da Hadassah Medical Organization aos 350 participantes e expressou sua satisfação com o retorno do Hadassah a suas raízes de Medicina comnunitária. O Linda Joy Pollin Cardiovascular Wellness Center for Women, renomado por seu alcance das comunidades locais, teve um papel expressivo na conferência.

Oradora Noa Vilchinsky

A oradora Noa Vilchinsky, PhD, chefe do laboratório de pesquisa em psico-cardiologia no Bar Ilan University, observou que esperava que futuras conferências incluíssem homens para que eles possam se informar melhor sobre assuntos de saúde relacionados à mulher. Durante sua apresentação, a Dra. Vilchinsky destacou a importância de reconhecer a conexão mente-corpo no que diz respeito à saúde cardíaca em mulheres e relatou que as mulheres tem mais riscos emocionais e comportamentais que afetam a saúde do coração.

Mulheres são a maioria entre a população de baixas condições socioeconômicas, explicou a Dra. Vilchinsky. Apesar de serem aquelas com menor nível econômico que deveriam ser monitoradas mais frequentemente, a realidade é justamente o oposto. O mito de que mulheres não tem predisposição a doenças cardíacas, aponta a Dra., continua a afetar o cuidado apropriado.

Além disto, quando mulheres são diagnosticadas com doenças cardiacas, apesar do fato de que teriam tanto benefício com a reabilitação cardíaca quanto os homens, elas participam menos. De fato, elas são menos encaminhadas para a reabilitação.

Em termos de fatores psicológicos afetando a saúde cardíaca, a Dra. Vilchinsky relatou também que a solidão é um fator significativo. Explicou ainda, que por apresentarem problemas cardíacos mais tarde em suas vidas do que os homens, estão mais sujeitas a não dispor de sistemas de apoio.

Somado a isto, disse a Dra. Vilchinsky, felicidade no casamento tem um enorme impacto na expectativa de vida. De acordo com uma pesquisa longitudinal de 15 anos, 85% das mulheres casadas e felizes estão vivas, contra somente 26% das infelizes no casamento. Na mesma medida, a pesquisa mostra que o estresse no casamento é o mais importante fator em maus diagnósticos para mulheres com doenças cardíacas.

E o que dizer das mulheres que são cuidadoras de um marido com doença cardíaca? “Há uma mulher oculta com necessidades lá fora,” relata a Dra. “Ela assume todas as tarefas da casa, o cuidado com o paciente e suporte emocional, mas ela prórpia sofre de depressão e estresse pós-traumático. Nós precisamos estabelecer uma consciência clara de suas necessidades emocionais.”

Dra. Donna Zfat-Zwas

Em sua apresentação, a Dra. Donna Zfat-Zwas, Diretora do Pollin Center, relatou que a mais comum forma de doença cardíaca em mulheres é hereditária, na qual gorduras se acumulam e exercem pressão nos vasos sanguíneos o que resulta em coágulos que estouram e causam danos. Enquanto 70% das mulheres tem os mesmos sinais que os homens em relação ao ataque cardíaco – como a sensação de que um elefante está sentado em seu peito, com dor do lado esquerdo – as mulheres tendem a não dar atenção aos sintomas. Da mesma forma, algumas mulheres experimentam sintomas diferentes, como dor no lado direito ou no pescoço e dentes. Uma mulher vai possivelmente sentir uma “fraqueza atípica” ou “não estar em um estado normal” fazendo força para respirar profundamente ou continuar com suas atividades diárias.

A Dra. Zfat-Zwas enfatizou também que 80% dos ataques cardíacos podem ser prevenidos – com o cuidado preventivo adequado. Como disse, “Sentar é o cigarro de hoje.” Fatores bem conhecidos, como falta de exercício, colesterol alto, pressão sanguínea alta, obesidade e diabetes são todos fatores de risco. Em todos os setores da sociedade israelense, exceto entre os ultra-religiosos, ela disse, homens fazem mais exercícios que as mulheres. “Nós precisamos buscar o condicionamento físico, não a magreza.”

Apesar de que 150 minutos de exercícios por semana ser o objetivo recomendado, mesmo 10 minutos por dia trazem benefício. Nunca use a desculpa, “Eu só tenho dez minutos,” ela avisou.

Profa. Drorit Hochner

A Profa. Drorit Hochner, chefe do Department of Obstetrics and Gynecology do Hospital Hadassah Mount Scopus, focou a sua apresentação na vida das mulheres após a menopausa e as atitudes controversas da comunidade médica sobre mulheres tomando hormônios para lidar com o fato de que o “estrogênio foi desligado.” Enquanto o reforço hormonal foi muito popular nos anos 60, ela disse, a descoberta de que a terapia causava uma taxa muito alta de câncer endometrial fez com que as mulheres parassem com o hormônio. Havia também uma teoria de que a progesterona poderia ajudar a prevenir doenças cardíacas, disse a Prof. Hochner, mas o extenso estudo da Women’s Health Initiative em 2002 mostrou justamente o contrário: ele aumentava a prevalência da doença cardíaca.

A Profa. Hochner também discutiu a questão da densidade óssea decrescente após a menopausa e observou que existem medicamentos benéficos que as mulheres podem utilizar para prevenir a osteoporose. Em termos de questões urinárias/ginecológicas, ela recemendou que os hormônios podem ser ministrados localmente para problemas ginecológicos desde que não tenham efeitos colaterais negativos ou afetem outras partes do corpo.

Bruria Rokahj

Bruria Rokah, Farmacêutica Clínica do Hadassah, relatou que mulheres são menos propensas a seguir instruções para tomar medicamentos, mesmo que tomem mais. Além disto, ela disse, mulheres tem mais reações adversas à drogas do que os homens e frequentemente não tem conhecimento das pesquisas que mostram que certas drogas preventivas, como as estatinas, não foram relamente aprovadas como benéficas para mulheres.

Ela também apontou que as mulheres ainda estão subrepresentadas nos estudos clínicos de drogas, apesar de que esta situação tem evoluído com a insistência da United States Food and Drug Administration de que mulheres sejam incluídas nos estudos.

Leia na Hadassah Magazine sobre a Coalition for Women’s Health Equity que o Hadassah lançou na América para tratar das disparidades de gênero nos tratamentos de saúde.