Em um marco significativo tanto para Hadassah Internacional (HI) quanto para a Organização Médica Hadassah (OMH), o Hadassah foi recentemente apresentado em uma extensa entrevista de uma página na edição de domingo do jornal brasileiro número 1, O GLOBO. Com um público de milhões de leitores e particularmente repercutido nos estratos socioeconómicos mais elevados, O GLOBO ocupa um lugar significativo no panorama mediático. Somente sua edição impressa obtém vendas impressionantes de 350.000 cópias diárias. Esse recurso carrega um nível de reconhecimento comparável ao destaque em publicações mundialmente conhecidas como The New York Times e The Times of London. Os holofotes recaíram sobre o Dr. Ahmad Nama, Diretor do Departamento de Emergência do Hospital Hadassah Ein Kerem.
Matéria do GLOBO: https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/08/20/conflitos-e-politica-ficam-fora-do-hospital-diz-medico-arabe-israelense.ghtml
Este artigo marca uma oportunidade notável para o Hadassah mostrar, no Brasil e no mundo, suas contribuições vitais para a saúde, ao mesmo tempo em que expõe a excepcional experiência e dedicação do Dr. Nama. A oportunidade para a entrevista do Dr. Nama no jornal O GLOBO surgiu quando ele estava vindo de Israel para o Chile para uma semana de intenso trabalho com a comunidade médica chilena. Hadassah Internacional serve como uma ponte que conecta a renomada experiência médica da OMH aos profissionais de saúde, organizações e pacientes no mundo todo. Esta reportagem no jornal O GLOBO ressalta o compromisso de Hadassah Internacional em compartilhar as descobertas e avanços da OMH em um cenário global.
O GLOBO, um dos jornais mais influentes e lidos do Brasil, ocupa uma posição de destaque no cenário midiático do país. Fundado em 1925, tem sido consistentemente uma fonte confiável de notícias e informações, atendendo a um público diversificado. Conhecido por suas reportagens aprofundadas, cobertura abrangente e fortes padrões editoriais, O GLOBO conquistou a reputação de fornecer conteúdo preciso, bem pesquisado e perspicaz. O jornal cobre uma ampla gama de tópicos, incluindo política, economia, cultura e assuntos internacionais, tornando-o uma plataforma ideal para apresentar histórias importantes com implicações globais. Para Hadassah, ser destaque no jornal O GLOBO representa uma oportunidade única de atingir um público amplo e destacar suas contribuições impactantes para a saúde no mundo todo.
No centro do artigo está o Dr. Ahmad Nama, uma figura respeitada no campo da medicina de emergência. Como Diretor do Departamento de Emergência do Hadassah Ein Kerem, o Dr. Nama traz não apenas sua experiência médica, mas também sua liderança e abordagem inovadora aos cuidados de saúde. A sua experiência na gestão de situações críticas, na formação de pessoal médico e na implementação de tecnologias de ponta não só melhorou o atendimento aos pacientes em Israel, mas também teve um impacto de longo alcance nas práticas médicas de emergência no mundo todo.
Reprodução do artigo publicado no jornal O Globo
‘Conflitos e política ficam fora do hospital’, diz médico árabe-israelense
Após atender refugiados ucranianos na Polônia no início da guerra, especialista treinado no Oriente Médio veio ao Brasil e afirma que o primeiro a fazer é sempre tratar o medo
Por Renato Vasconcelos — São Paulo
20/08/2023 07h07 Atualizado 20/08/2023
Ahmad Nama chefia o Departamento de Emergência do Hadassah Ein Kerem, centro de referência médica em Israel — Foto: Divulgação
O médico árabe-israelense Ahmad Nama afirma que há um tabu no departamento de emergência do hospital Hadassah Ein Kerem, uma das unidades de referência do sistema de saúde de Israel, que ele lidera: nada de política nos corredores. Em uma Jerusalém onde disputas étnicas e religiosas são cada vez mais frequentes, Nama e sua equipe se esforçam para que cada judeu, árabe ou palestino seja tratado, pelo tempo que for preciso, como apenas mais um paciente — embora o conflito eventualmente entre pela porta da frente.
Nama, de 38 anos, esteve com médicos e estudantes no Hospital das Clínicas, em São Paulo, e no Hospital Souza Aguiar, no Rio, para trocar experiências e contar um pouco de sua expertise, que inclui, entre outras passagens, o atendimento de refugiados ucranianos na fronteira com a Polônia, nos primeiros meses de guerra.
Como foi prestar atendimento aos refugiados ucranianos na Polônia?
Logo no início da guerra, quando muita gente estava deixando a Ucrânia, Jorge [Diener, CEO do Hadassah International], visitou a Polônia com alguns médicos e funcionários do Hadassah. Eles, literalmente, saíram de lugar nenhum para lugar nenhum na fronteira polonesa, a procurar para onde esses refugiados estavam indo e como poderiam ajudar. Hoje já se sabe que houve um grande fluxo de pessoas de todo o mundo naquela área. Inicialmente, montamos uma clínica dentro de um shopping, o que foi basicamente construir algo do nada. Chegamos a esta clínica, entramos, sentamos lá e os refugiados basicamente vieram da fronteira ucraniana para obter tratamento para uma ampla gama de coisas. Também tivemos outro espaço em outro shopping, mas, no final, começamos a atender dentro do consulado ucraniano, em um antigo teatro que estava lotado de refugiados.
Qual era o maior desafio na fronteira ucraniana?
Posso dizer que tudo que vivi na minha vida na medicina, toda a experiência, tive que colocar em prática em um mesmo lugar por duas semanas. Desde o primeiro dia, tentamos cadastrar todos os pacientes que atendemos, inclusive funcionários que se machucaram durante o atendimento aos refugiados. Não tínhamos todo o equipamento necessário, mas lembro de usar um ultrassom móvel para verificar uma mulher que chegou com alguma queixa de falta de ar: pudemos ver que ela tinha líquido nos pulmões.
Havia alguma urgência mais recorrente entre os ucranianos que chegavam para atendimento?
A maioria dos pacientes que chega lá estava com medo. Havia pessoas que não conseguiram pegar seus remédios antes de sair de casa, principalmente idosos, e estavam com problema de pressão. Muitos tinham escaras, pelo tempo que passaram sentados ou pelas longas distâncias que percorreram a pé. Não lembro de ninguém com perfurações, mas se algum deles sobreviveu a um bombardeio ou coisa do tipo, provavelmente não falou sobre isso e relatou apenas alguma dor. Eles precisavam de assistência para ferimentos leves e alguém para conversar. E nós estávamos lá para apoiar em tudo, fosse conversar, dar um abraço ou dizer que está tudo bem. Clínicas médicas e hospitais, geralmente, são locais onde você presta socorro. E essas pessoas estavam com medo.
Teatro em consulado ucraniano na Polônia virou centro para acolher refugiados — Foto: Divulgação
Você conseguiu sentir o que se passava do outro lado da fronteira?
Se você fosse aos lugares onde nós fomos, você estaria chorando até agora. É um caos total. Imagine ser forçado a entrar no saguão de um shopping, precisando primeiro de um número, como em uma prisão ou uma espécie de área controlada. Eles te dão um pedaço de colchão, onde você tem que dormir. Também dão comida, mas você não sabe quem cozinhou. Lá dentro, tem literalmente barracas de países: Alemanha, Noruega, Suécia… Você vai, se cadastra, e eles colocam seu nome no quadro branco. Depois, você é colocado em um ônibus, e vai para algum lugar, mas você não sabe para onde. Você veio de algum lugar e agora não está em lugar nenhum. É um desastre total. Alguns pacientes precisavam de cuidados urgentes. Lembro de um deles que precisava fazer hemodiálise. Como é que ele ia ter acesso aquilo?
Como é ser um árabe-israelense dirigindo o departamento de emergência de um hospital de referência em Israel?
O Hadassah fica em um lugar que certamente é um dos mais complexos do Oriente Médio, e talvez do mundo. O que nós tentamos fazer – e estamos fazendo – é manter o conflito fora do hospital e do nosso cotidiano. É um tabu que criamos para não permitir que pensamentos eticamente questionáveis entrem no hospital. Sempre há tensões, conflitos e problemas na cidade. Se isso entrar no hospital, será um desastre total. Nós deixamos todos os conflitos e a política fora do hospital. Quanto a ser um árabe liderando um departamento de emergência, meu objetivo de vida e o que eu faço no dia a dia tem a ver com profissionalismo.
Mas o conflito eventualmente não entra pela porta da emergência?
É claro que sim, nós estamos lá e eles vêm até nós. Certa vez um paciente me pediu uma bata porque ele queria fugir do hospital se passando por médico, com medo de que um grupo rival o encontrasse. Eu não dei a bata, mas chamei a segurança e o transferimos para uma outra unidade do hospital. A questão á que quando alguém entra pela porta da emergência, essa pessoa é um paciente.
Seu departamento é uma referência em Israel pelo uso de bloqueadores nervosos para reduzir a dor …
O conceito de bloqueio nervoso, basicamente, é se você machucar alguma parte do corpo, ir até o nervo e dar um anestésico local. É como quando você vai ao dentista e ele coloca anestesia local para fazer extrações de dente. Aprendi a fazer o bloqueio nervoso específico para quem vem com fratura de quadril, principalmente idosos. Passamos esse procedimento para todas as equipes porque é inadmissível um paciente com o quadril quebrado ser deixado com dor. Fizemos mais de 250 bloqueios até agora.