A pedido de hospitais locais nas cidades próximas à fronteira polonesa-ucraniana, os médicos da Organização Médica Hadassah (OMH) na missão humanitária inicial à Polônia criaram um vídeo de treinamento para ajudar seus colegas médicos poloneses a se prepararem para o fluxo de milhares de refugiados fugindo da Ucrânia. Intitulado “Incidentes com Vítimas em Massa – Lições Aprendidas, A Experiência do Hadassah”, o vídeo é um projeto colaborativo do Dr. Asaf Kedar, Chefe da Unidade de Trauma do Hospital Hadassah Monte Scopus, e do Cirurgião Ortopédico Sênior Dr. Shaul Beyth.

“O mais importante”, enfatiza o Dr. Kedar no vídeo, é estar preparado com um plano e ser organizado.” Todo o hospital”, diz, “deve estar preparado, não só os departamentos cirúrgico e médico. Tão importante quanto”, observa o Dr. Kedar, “é estar mentalmente preparado para enfrentar ferimentos brutais e decisões difíceis”.

“Um evento com vítimas em massa muda e afeta o trabalho de todo o hospital”, explica o Dr. Kedar. A filosofia de tratamento com a medicina de vítimas em massa, diz ele, é “o maior bem para o maior número de vítimas”. Isso contrasta com a abordagem da medicina convencional, onde o médico faz o melhor que pode para cada paciente.

Fornecendo uma dose sóbria de realidade, o Dr. Beyth elabora alertando que um evento com vítimas em massa traz consigo uma sensação de “não sucesso”, porque você percebe que em uma situação mais convencional, você teria conseguido uma melhor resultado para alguns de seus pacientes. Além disso, ele diz, “quanto mais pacientes você tem por hora, menos capacidade você tem de oferecer atendimento de alta qualidade”.

Além disso, o Dr. Beyth se concentra em algumas das coisas que podem muito bem dar errado – por exemplo, a perda do serviço de celular ou banda larga devido à sobrecarga do sistema. Você pode ter que voltar a transmitir informações através de telefones fixos ou papel e caneta. A falta de pessoal será um dado, diz ele, porque são inerentes à definição de um incidente com vítimas em massa. É por isso que recrutar o maior número possível de funcionários do hospital com antecedência é fundamental. “Com base em nosso conhecimento e experiência”, explica o Dr. Beyth, “um em cada 8 pacientes precisará de cirurgia; um em cada 8 pacientes precisará de um leito de Unidade de Terapia Intensiva; todos precisarão de imagens.”

A preparação, delineia o Dr. Kedar, envolve o planejamento antecipado em relação a:

• Configuração de emergência, adaptada à estrutura física, à presença ou ausência de vários departamentos médicos e ao caráter de cada hospital

• Triagem, a ser realizada fora do prédio do hospital para evitar gargalos no interior

• Uma cadeia de comando clara, onde o tomador de decisão designado está posicionado no lugar certo

• Orientação logística para que haja apenas tráfego de mão única pelos corredores do hospital e sem ida e volta para o Pronto Socorro

• Segurança para gerenciar a multidão

• Pessoal para gerenciar a mídia

• Pessoal para tratar os pacientes no dia seguinte

• Fornecer pessoal para retirar equipamentos e medicamentos do armazenamento

• Maximizar o uso de pessoal e equipamentos, como máquinas de ultrassom e tomografias computadorizadas

• Exercícios, repetidas vezes, para praticar os procedimentos e ajustá-los conforme necessário.