Consumidores que comem frutas e vegetais cultivados em solos irrigados com áqua de reuso tratada estão consumindo também pequenas quantidades de uma droga anti-epiléptica, de acordo com um novo estudo de uma equipe de pesquisadores do Hadassah Medical Center e da Hebrew University.

Por causa da escassez mundial de água fresca para irrigação de cultivos, tem havido um aumento na utilização de água de reuso tratada para irrigação, que levou à descoberta de que contaminação farmacêutica pode ser um risco grave. Neste estudo – o primeiro a analisar diretamente a exposição do consumidor a estes contaminantes farmacêuticos – a equipe multidisciplinar de Hadassah/Hebrew University achou a droga carbamazepine na urina de indivíduos saudáveis.

“Em um experimento randômico controlado nós demonstramos que indivíduos saudáveis consumindo produtos irrigados com água de reuso tratada excretaram carbamapezine e seus metabólitos em sua urina, enquanto sujeitos consumindo produtos irrigados com água fresca excretaram níveis significativamente mais baixos de carbamapezine,” explica a Profa. Ora Paltiel, Diretora da Braun School of Public Health and Community Medicine, que encabeçou a pesquisa.

O estudo, destacado na edição de 29 de Março do Environmental Science and Technology, envolveu um grupo de 34 homens e mulheres, divididos em dois sub-grupos. Ao primeiro foi dado produto irrigado com água de reuso tratada na primeira semana e produto irrigado com água fresca na semana seguinte. O segundo consumiu na ordem inversa. Os participantes consumiram os produtos como o fariam normalmente e beberam água engarrafada durante o estudo.

Os pesquisadores mediram os níveis de carbamazepine nos produtos e na urina dos participantes. No início, os níveis de carbamazepine diferiram em sua concentração quantificável, com alguns participantes apresentando níveis indetectáveis. Depois de sete dias de consumo de produto irrigado com água de reuso tratada, todos os membros do primeiro grupo exibiram níveis quantificáveis de carbamazepine, enquanto no segundo grupo a distribuição permaneceu sem modificação. Os níveis de excreção de carbamazepine foram marcadamente mais elevados no primeiro grupo do que no segundo.

“Produtos irrigados com água de reuso tratada exibiram níveis substancialmente mais altos do que os produtos irrigados com água fresca,” concluiu a Profa. Paltiel. “É evidente que aqueles que consomem produtos irrigados com água de reuso tratada aumentam sua exposição à droga. Apesar dos níveis detectados serem muito mais baixos do que em pacientes que consomem a droga, é importante analisar a exposição em produtos disponíveis comercialmente.”

Enquanto o estudo não se aprofunda nos riscos potenciais da exposição ao carbamazepine, os autores explicam que como “prova de conceito”, o estudo fornece “dados do mundo real que podem orientar avaliações e políticas de risco desenhadas para garantir o uso seguro de água de reuso tratada para irrigação de solo.”