Atualização: Quatro semanas após testemunhar o casamento do seu filho desde a Unidade criada para o surto de COVID-19, o pai tem se recuperado o suficiente como para poder voltar a casa. A Enfermeira Chefe Noa Ragones relata, “Sua condição era muito séria, mas desde o casamento, ela estabilizou, e ele tem estado melhorando firmemente. A equipe continua cuidando dele com devoção. Ele continuará a recuperar sua força em casa.”

A família esta extasiada porque tem dois motivos para se regozijar: o casamento do filho e a recuperação do pai.

O pai do noivo, Avraham Hamitzky, de Arad, já esteve por três semanas na Unidade criada para o surto de COVID—19 no Hospital Hadassah Ein Kerem. Ele estava numa condição seria com dificuldades respiratórias.

Seu filho de 20 anos, e a noiva de 18 anos, que são Chassidim de Gur, solicitaram um favor especial. Poderiam fazer o casamento do lado de fora do Hadassah Ein Kerem e ter presente o pai doente? Eles encaminharam seu pedido através de Yad Avraham, a organização chassidica que trabalha com a Organização Medica Hadassah.

Pai observando o casamento do seu filho desde a janela da enfermaria da unidade para o surto em Hadassah.

Lembrem que os grandes casamentos estão entre os mais notórios pontos quentes para espalhar o coronavirus. Quando oficiais da OMS garantiram que ele poderia acontecer, ninguém sabia que esta boda poderia atrair a atenção de jornais como o Washington Post até o indiano Hindustan Times, de cidades como Las Vegas “a central de casamentos”, Brooklin e a fria Calgary.

Imagine estar parado numa varanda aberta do teto do terceiro andar do Prédio Redondo de Ein Kerem, assistindo um amplo espaço exterior no teto do segundo piso. O Cantor Mendi Weiss e seu tecladista estão enchendo o campus com niggunim chassidicos (melodias). Desenhe a vista do pátio, cercada pelo Prédio Redondo com a unidade de COVID, a alta torre Sarah Wetsman Davidson do Hospital e o heliporto da OMS.

O marceneiro do hospital foi convocado cedo à unidade de COVID-19 para tirar as fechaduras da janela. A Enfermeira Chefe Noa Perkel Ragones e sua equipe encheram balões amarelos, laranjas, verdes e cor de rosa, e os colaram do lado de fora no peitoril da janela. A cama de rodinhas de Hamitzky foi levada até junto à janela.

Ele declinou nosso oferecimento de trocar seu pijama por roupa mais festiva”, disse Ragones, uma graduada da Escola de Enfermagem Henrietta Szold Hadassah-Universidade Hebraica. “Ele disse que se concentraria na sua respiração”.

A noiva entusiasmada sentou num lugar isolado numa calçada coberta, cumprimentando aos poucos membros da família e rezando.  No pátio, o noivo foi ajudado a vestir um manto branco e um chapéu cilíndrico alto feito de pele chamado de spodik. Todos usavam mascaras.

O noivo entrou à esplanada onde a noiva estava sentada para o tradicional bedecken. A noiva, sua cara coberta com um véu branco opaco, é levada para a chupá sendo segurada pela sua mãe e sua futura sogra, e dão as sete voltas ao redor do noivo. A cerimônia foi curta e simples: o juramento de casamento, as sete benções, a quebra do copo.

De acordo às orientações do Ministério da Saúde somente 20 pessoas foram autorizadas a participar no casamento ao ar livre. Houveram 18 convidados além do noivo e da noiva.  Um dos convidados pegou o microfone e cantou uma balada personalizada com rezas pela felicidade do casal, pela recuperação de Hamitzky e pela equipe do Hadassah. Os fotógrafos utilizaram um drone para tirar as fotografias.

E o que aconteceu com a Mitzva tantz, o costume chassídico de homens dançarem na frente do noivo, que ainda se conserva, enquanto membros distinguidos da festa de casamento seguram o final de um gartel, o cinto do manto vestido pelos homens chassídicos?

Desde o quinto andar, um longo cinto de gartels saiu voando pela janela. O voluntário levou duas tentativas para poder chegar até a noiva, que pegou ele. A dança é habitualmente um momento de alta carga emocional, no qual o dançarino reza silenciosamente pelo sucesso do casal na vida. Esta suave dança teve sua própria carga especial.

Na sua cama, o pai do noivo, vestindo pijamas e spodik e rezando calmamente, estava aceso pela alegria.

“Ele estava muito doente, mas o casamento parece ter feito emergir energias ocultas nele,” disse Ragones.”Ele esta melhor”.

Houve, na verdade, somente 18 hóspedes convidados, mas isso não inclui as centenas de pacientes e membros da equipe na Torre Davidson do Hospital que ficaram paralisados pela cerimônia. Entre eles não sobrou um olho sem lagrimas.