À medida que a quarta onda de COVID-19 avança en Israel, o país continua sendo o laboratório mundial para lutar contra a pandemia. Em um webinar de 26 de agosto, organizado por Hadassah Internacional, o Diretor-Geral interino da Organização Médica Hadassah Prof. Yoram Weiss, o Prof. Yoseph Caraco, Chefe da Unidade Clínica de Farmacologia de Hadassah, e o Prof. Dror Mevorach, Diretor das Unidades para o Surto de COVID-19 de Hadassah, abordaram o tema “O que está acontecendo com o Delta?

O Prof. Weiss explicou que, embora 64% da população israelense tenha recebido duas doses da vacina contra o COVID-19, a variante Delta “completamente dominante” é 60% mais contagiosa que a variante Alfa anterior. Embora em maio, Israel tenha tido apenas alguns novos casos diariamente, atualmente, ele relatou, mais de 100.000 pessoas estão em “isolamento ativo” porque deram positivo para COVID-19. Além disso, disse o Prof. Weiss, a eficácia das nossas vacinas atuais provou diminuir com o tempo, razão pela qual Israel decidiu que uma terceira vacina, uma dose de reforço, deve ser dada de cinco a seis meses após a segunda dose por indivíduo.

No sentido horário: Jorge Diener – Diretor Executivo de Hadassah Internacional, Prof. Yoram Weiss – Diretor Geral interino da Organização Médica Hadassah, Prof. Dror Mevorach – Diretor das Unidades para o Surto de COVID-19 de Hadassah, Prof. Yoseph Caraco – Chefe da Unidade de Farmacologia Clínica de Hadassah

Israel está liderando o mundo no fornecimento do reforço. Até o momento, mais de 1.600.000 pessoas foram vacinadas com o reforço, e o Prof. Weiss relata que está fornecendo às pessoas uma proteção muito melhor do que a de duas doses.

De qualquer forma, o Prof. Weiss enfatizou: “O que é muito claro é que a maioria dos que têm a forma grave da doença são aqueles que não estão vacinados.”

Referindo-se tanto à vacina inicial quanto ao reforço como “game-changers” (*), o Prof. Caraco advertiu: “Não espere por uma nova formulação. Pegue a vacina atual agora. Ela fornece cerca de 88% de proteção contra a variante Delta.” Ele observou, também, que a imunidade de rebanho será esquiva em um mundo que é realmente uma “pequena aldeia”, onde tantas pessoas não vacinadas viajam.

O objetivo do reforço, explicou o Prof. Mevorach, é prevenir doenças graves e morte. Não é para alcançar imunidade de rebanho. Ele sugeriu que um funcionário do Ministério da Saúde de Israel fosse autorizado a identificar as localidades onde as pessoas são “hesitantes em se vacinar” e fosse falar com elas para transmitir a verdade sobre os riscos versus benefícios da vacina. O Prof. Caraco ressaltou que você não pode mudar a mente das pessoas “antivacinação”, mas você pode explicar para aqueles que têm medo de tomar a vacina que o risco da doença é maior do que o menor risco de efeitos colaterais graves da vacina.

O Prof. Caraco acredita que é hora de mudarmos nosso paradigma de tratamento para focar naqueles indivíduos que ficam leve ou moderadamente doentes do COVID-19 e desenvolver medicamentos antivirais para eles. Embora a terapia de anticorpos tenha se mostrado um tratamento eficaz, ele disse, é logísticamente complexa porque tem que ser administrada por infusão. Recentemente, uma forma injetável foi criada. No entanto, o Prof. Caraco ainda acredita que o caminho a percorrer é desenvolver uma droga oral e dá-la às pessoas nos estágios iniciais da doença para que a internação não se torne necessária. Hadassah está trabalhando com parceiros globais em direção a esse objetivo.

Um dos principais fatores que os estrategistas da pandemia devem enfrentar, disseram os apresentadores, é si se deve fechar o país mais uma vez — e quando. Como explicou o Prof. Mevorach, existem várias estratégias: instituir um fechamento completo assim que houver apenas alguns casos no país, como a Nova Zelândia; abrir completamente o país apesar dos casos crescentes, como a Suécia e o Reino Unido; ou adiar a imposição de restrições, tais como uso obrigatório de máscaras, até que o número de indivíduos infectados ou o número de pacientes gravemente doentes atinjam um certo nível. “Ainda não sabemos qual é a melhor estratégia”, disse ele, mas Israel está escolhendo o caminho do meio, baseando-se principalmente no número de casos graves. Como ele explicou, Israel está tentando conviver com a doença e controlar a gravidade da doença com a vacina de reforço.

Quanto tempo vai durar a imunidade com esta terceira dose? O Prof. Weiss acredita que, embora ainda não possamos saber a resposta para essa pergunta, pode ser que um reforço seja necessário a cada cinco ou seis meses.

Complica ainda mais nossa eficácia no combate à pandemia o nível de concordancia entre os cidadãos de um país. O Prof. Caraco destacou que a concordancia com o uso mandatório de máscara e outras recomendações como o distanciamento social influenciam o nível de sucesso.

A pandemia é claramente um alvo em movimento, e, como todos os apresentadores apontaram, ninguém pode profetizar o que vai acontecer a seguir. Todos os dias, relatou o Prof. Mevorach, os administradores de alto nível de Hadassah e os especialistas em COVID-19 reavaliam suas estratégias, decidindo, por exemplo, se devem transferir mais funcionários para unidades de COVID-19 e quantos recursos devem ser transferidos sem colocar em risco pacientes que foram hospitalizados por outras doenças.

“Hadassah é um modelo para o bom senso e para antecipar problemas”, disse o Prof. Mevorach. Ele acrescenta: “Nossos médicos e enfermeiros estão cansados, mas eles incorporam o espírito da missão de trabalhar juntos para salvar nossos pacientes.”

(* Nota do tradutor). Que muda o jogo como vinha sendo até o momento.

 

Assista a todo o webinar abaixo (com legendas em espanhol):