Em uma proposta apresentada ao Ministério da Saúde de Israel, uma equipe interdisciplinar da Organização Médica Hadassah e colegas da Universidade Hebraica defende que as crianças retornem à escola em um processo cuidadosamente gerenciado. As vantagens, eles argumentam, superam os pontos negativos das crianças ficarem em casa.
Os autores desta proposta incluem o especialista em doenças infecciosas do Hadassah, Profº Ran Nir-Paz, o pneumologista Dr. Alex Gileles-Hillel, a estatística Profª Orly Manor, e da Universidade Hebraica – Escola de Saúde Pública e Medicina Comunitária da Universidade Hadassah Braun, a Drª Ora Paltiel e a Drª Ronit Calderon-Margalit.
A Drª Paltiel, especialista em hematologia e epidemiologia, explica que as crianças com o sistema imunológico comprometido e aquelas cujos pais estão em grupos de alto risco teriam que ser excluídas de qualquer retorno à escola. Da mesma forma, professores de grupos de alto risco não deverão voltar ao trabalho e a reabertura das escolas não ocorreriam em áreas de surto elevado.
A proposta não deixa de ter críticos, que sustentam que é muito cedo para abrir as escolas. Além disso, eles argumentam que tais aberturas prematuras podem ser perigosas para a sociedade em geral. No entanto, a equipe estudou relatórios de todo o mundo sobre crianças e o COVID-19 e descobriu que a porcentagem de crianças com coronavírus é muito baixa, principalmente entre as menores de 10 anos de idade. Além disso, eles observam que suas pesquisas sugerem que as crianças não são responsáveis por transmitir o vírus. A equipe aponta para um artigo publicado esta semana em Cingapura, sugerindo que em locais onde as escolas estavam abertas, não havia casos de crianças transmitindo o vírus para as próprias famílias.
Na proposta, a equipe cita um relatório da Lancet Child and Adolescent Health, que argumenta que as evidências que apoiam o fechamento das escolas são muito fracas. “Estudos recentes de modelagem do COVID-19”, afirma o relatório, “prevêem que o fechamento das escolas sozinho evitaria apenas de dois a quatro por cento das mortes, muito menos do que outras intervenções de distanciamento social”.
Em Israel, as creches e escolas foram fechadas no início da crise do COVID-19. A educação especial foi retomada nesta semana de forma reduzida, e há um debate em andamento no governo sobre quando reabrir todas as escolas, com alguns pressionando pela retomada das aulas em 3 de maio.
“Se as crianças pegam a doença, é na forma leve na grande maioria dos casos”, diz Paltiel. “A mortalidade é extremamente baixa entre as crianças e elas não são super difusoras do vírus. Na verdade, elas espalham o vírus menos do que as outras pessoas. ”
A Drª Paltiel acrescenta que manter as crianças fora da escola e, assim, tornar necessário que seus pais fiquem em casa traz consigo danos psicossociais, físicos e mentais, além de problemas econômicos que afetam a família. “As crianças”, ela diz, “devem ser gradualmente autorizadas a voltar ao seu ambiente educacional. Isso deve ser feito com monitoramento, cautela e com todo o cuidado do mundo. ”