“Eu conheci Masha na sala de espera da cirurgia no Hadassah Hospital Ein Kerem,” diz a médica palhaça Shira, ao contar sua história:
Masha é uma menina de três anos que vive na Rússia. A cada três meses, ela vem ao Hadassah para um exame oncológico sob anestesia geral.
Neste dia em particular, Masha, que estava sentada na área de lazer com sua mãe, estava muito nervosa e agitada. Ela começou a chorar e gritar para sua mãe em russo e eu não entendia uma palavra. Masha atirou uma pintura no lixo com fúria. Eu peguei de volta, cortei um pequeno coração e coloquei sobre a mesa. A discussão parou. Masha alegrou-se por um momento, sorriu para mim e pegou o coração.
A enfermeira nos chamou e nós caminhamos para a sala de cirurgia. Na metade do caminho, Masha disse para sua mãe em russo, “eu não quero, eu não quero, eu não quero!” E começou a chorar.
A mãe de Masha tentou acalmá-la com carícias e palavras. Elas continuaram devagar pelo corredor até que Masha parou e começou a chorar de novo. Sua mãe tentou acalmá-la novamente. Enfermeiras sairam das salas por causa do barulho. A maior parte delas falava russo e tentaram conversar com Masha mas o choro só aumentava.
Masha começou a recuar. No princípio, sua mãe a seguiu e então parou no meio do corredor. Masha caminhou para a saída e parou lá no canto. Estava calma neste momento. Todas as enfermeiras pararam; não sabiam o que fazer. A mãe tentou conversar com Masha de novo.
Eu senti que devia agir. Eu queria reconciliar Masha com sua mãe. Eu comecei a caminhar até ela e vi que ela estava tremendo de medo, então eu virei para uma das salas. Como médica palhaça eu tinha um objetivo diferente.
Eu comecei a procurar por alguma coisa, apesar de não saber exatamente o que. Pelo canto do olho, eu vi que Masha estava me olhando. Eu devo ter despertado sua curiosidade ou talvez ela sentia-se da mesma forma que eu: ela estava procurando alguma coisa que não sabia expressar em palavras. Eu lembrei que na sala de espera ela ficara contente com o coração que recortei e dei para ela. Então eu vi que, por sorte, a cartolina e a tesoura ainda estavam em minha mão. Eu recortei um coraçao e deixei cair perto de Mahsa. E então continuei andando para dar a ela uma chance de dar o próximo passo. Eu vi com o canto do olho que ela pegou o coração.
Uau! Ela entrou no jogo. Por um momento, parecia impossível, mas aparentemente ela tinha um motivo e vontade de participar. Eu continuei recortando corações e deixando cair no chão e Masha continuou me seguindo na direção da sala de cirurgia, recolhendo os corações até que chegamos ao meio do corredor, onde sua mãe esperava.
Masha pegou o próximo coração de minha mão. Lembrando que na sala de espera Masha estava muito brava com a mãe, eu coloquei o coração na mão da mãe. Masha então deu todos os corações para a mãe. Elas se abraçaram e, neste momento, elas tinham o mundo inteiro – elas tinham uma à outra.
Médica Palhaça Shiri