A ex-Presidente do Hadassah International, Helaine Ohayon, tem sido uma devotada apoiadora do Hadassah Medical Center há anos.

No início de sua carreira de enfermeira, ela trabalhou nas clínicas para bebês fundadas pelo Hadassah. Mas só recentemente ela experimentou em primeira mão os conhecimentos de ponta e a devoção calorosa dos especialistas cardíacos pediátricos e das enfermeiras quando eles se juntaram para salvar a vida de sua neta.

Quando a filha de Helaine, Elise, estava gravida de seu terceiro filho, um ultrasom de rotina revelou que havia algo seriamente errado com o coração da criança. Elise morava em Tel Aviv na época e foi indicada ao Prof. Azaria Rein, chefe da Pediatria Cardiológica do Hadassah.

Elise telefonou imediatamente para Helaine, membro de longa data do Conselho do Hadassah na América. “Eu estava triste,” lembra Helaine, “mas ao mesmo tempo eu sabia que Elise estava no melhor lugar do mundo. Eu conhecia pessoalmente o Prof. Azaria Rein. Nós fizemos uma apresentação juntos em Genebra.”

Apesar da gravidade do conjunto de anormalidades do bebê, o Prof. Rein foi capaz de assegurar a Elise e Helaine que ele poderia ajudar. Ele explicou: “Nós podíamos ver que o bebê tinha o que chamamos de transposição das grandes artérias do coração. Isto significa que a aorta estava conectada com o ventrículo direito e a artéria pulmonar estava conectada ao ventrículo esquerdo – o oposto da anatomia normal do coração. Além disto, o bebê tinha um buraco largo entre os dois ventrículos. Com as artérias invertidas, sangue pobre em oxigênio (azul) retorna ao átrio direito, passa pelo ventrículo direito e então vai para a aorta e de volta ao corpo. Sangue rico em oxigênio (vermelho) retorna ao átrio esquerdo a partir do pulmão e passa pelo ventrículo esquerdo que o bombeia novamente para os pulmões – o oposto da circulação normal do sangue.”

O Prof. Rein explicou também que “se não diagnosticada esta condição é potencialmente fatal, mas se é diagnosticada antes do nascimento e tratada imediatamente após o parto, nós temos resultados excelentes com a cirurgia.” Ele ressaltou que ele e sua equipe continuariam a monitorar o bebê e assegurou-lhes que ‘o coração do bebê em si tinha um bom aspecto.”

Além dos exames pré-natais do coração, Elise continuou com os ultrassons de rotina que a maioria das mulheres grávidas fazem em Israel. Incluem um escaneamento anatômico detalhado. O médico verifica os batimentos cardíacos do bebê e procura por anormalidades no cérebro, coração, rins e fígado. Dedos dos pés e das mãos são contados, há uma busca por defeitos de nascença, exame de placenta e medição do líquido amniótico.

“A médica agiu com muita concentração e seriedade,” lembra Elise. “Ela disse que não havia sinal de um sistema de portal de rins e fígado (veias que transportam o sangue).” Esta é uma condição muito séria, ela disse a Elise e suspeitava que a gravidez teria que ser interrompida. Elise estava ciente dos problemas de coração do bebê, mas, ela diz, “eu estava arrasada com o pensamento de abortar meu bebê de 23 semanas.”

Mais uma vez, ela se encontrou dirigindo furiosamente para o Hadassah Hospital. Desta vez, ela encontrou com o Prof. Simcha Yagel, chefe da Divisão de Obstetrícia e Ginecologia e um especialista renomado internacionalmente, que desenvolveu um método de realizar ultrassom pré-natal. O Prof. Yagel, enquanto confirmava o problema cardíaco, assegurou-lhe que os demais sistemas do bebê estavam preservados. “Eu quase desmaiei de alívio,” diz Elise.

A gravidez evoluiu e Elise aguardava o nascimento da filha. Com 39 semanas, a bebê Emanuelle Ohayon-James veio ao mundo, pesando 2,5 quilos. Onze dias depois, o Dr. Eldad Erez, cirurgião cardiotoráxico do Hadassah, realizou a primeira cirurgia. Nascido em Israel, o Dr. Erez passou cinco anos trabalhando em cirurgia cardíaca em uma grande clínica em Forth Worth, Texas, antes de retornar a Israel para tornar-se um dos maiores especialistas em cirurgia cardíaca pediátrica e Diretor de Cirurgia Cardíaca Congênita no Hadassah.

“Nenhuma cirurgia é rotina,” enfatiza o Dr. Erez. “Frequentemente há surpresas.” Como ele explica, “a transposição das grandes artérias de Emanuelle era só uma parte do problema. Além disto, a artéria pulmonar passava atrás da traqueia ao invés de passar pela frente. Também faltava uma válvula pulmonar, uma condição chamada de atresia pulmonar. A válvula não se desenvolveu, obstruindo o fluxo do sangue dos pulmões para o coração. Um conjunto de problemas cardíacos como este é raro. Um grande centro como o Hadassah verá um caso assim talvez uma vez por ano.”

O Dr. Erez realizou o que chamamos de “troca arterial”, restabelecendo o fluxo normal do sangue. Emanuelle – seu nome em hebraico significa D’us está conosco – tem novas cirurgias corretivas marcadas nos próximos meses.

Durante a recuperação da criança na Unidade Pediátrica de Terapia Intensiva no Hadassah, Elise notou que os médicos e enfermeiras eram “não somente profissionais, mas também calorosos e capazes. Uma grande equipe!”

Quando Emanuelle veio do hospital, entretanto, uma de suas irmãs teve uma gripe. Logo Emanuelle estava de volta ao hospital, sofrendo de baixos níveis de oxigênio e respiração forçada. Por causa do desenvolvimento inapropriado da cartilagem da traqueia, explica o Dr. Erez, ele precisou adiantar a segunda cirurgia.

Esta cirurgia provou-se bem sucedida e Emanuelle estava realmente no caminho da recuperação.

“Eu sempre tive orgulho do Hadassah,” relata Helaine, “mas agora que passei por esta experiência com Elise e Emanuelle, eu tenho um novo sentimento de amor e admiração.”

Um pouco mais para a frente, o Prof. Rein veio visitar Emanuelle. Inclinando-se sobre ela para beliscas sua bochecha, ele diz: “Ela é perfeita. O prognóstico é de que ela será no mínimo uma grande avó!”