Em uma conferência de imprensa em 6 de agosto organizada pelo Hadassah International, quatro dos 19 médicos-cientistas da Organização Médica Hadassah que receberam bolsas de pesquisa este ano da Fundação de Ciência de Israel (ISF) apresentaram seu trabalho mais recente. “Quando você combina ensino, pesquisa e atividade clínica, você alcança a excelência”, comentou o Prof. Eyal Mishani, diretor da Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento do Hadassah.

O primeiro médico-cientista a discutir seu trabalho foi o Prof. Abd Al-Roof Higazi, chefe do Departamento de Bioquímica Clínica e Divisão de Laboratórios do Hadassah. Quando ficou claro que a COVID-19 estava associado ao aumento da formação de coágulos sanguíneos, explicou, ele sabia que tinha um papel a desempenhar no combate à doença. Vários anos atrás, ele e seus colegas descobriram que uma família de proteínas chamadas alfa-defensinas, encontradas nos glóbulos brancos, está ligada à inflamação e ao aumento da formação de coágulos. Pacientes com COVID-19 apresentam uma quantidade aumentada dessa proteína e, portanto, inflamação com risco de vida. “Se pudermos evitar que essa proteína aumente, podemos prevenir coágulos sanguíneos”, disse ele.

Dar aos pacientes do COVID-19 um medicamento chamado colchicina, um medicamento oral para a gota, e a febre familiar do Mediterrâneo levou a uma “boa melhora” para alguns pacientes, relatou o Prof. Higazi. Outras instituições médicas em todo o mundo, disse ele, também usaram este medicamento com sucesso. “Se pudermos fazer isso em larga escala, talvez possamos converter a doença do coronavírus em uma doença simples do tipo gripe”, relatou o Prof. Higazi. “Para isso é necessário a testagem em grande escala.”

A segunda médica-cientista a apresentar seu trabalho foi a Drª Tal Falick Michaeli, uma oncologista que está investigando alterações epigenéticas sistêmicas resultantes de lesões ou câncer. Essas mudanças modificam a forma com que os genes são expressos em resposta a lesões musculares ou doenças. A Drª Michaeli descobriu que não apenas o tecido lesado responde, mas também outras células musculares mudam sua expressão. Além disso, graças à memória epigenética, um músculo lesionado exibe uma cura mais rápida. Seu objetivo, ela explicou, é “um melhor manejo da cicatrização de feridas”. Da mesma forma, os tumores cancerosos, assim como as lesões, são agressões ao corpo, que ativam novas respostas. Ao estudar essas mudanças epigenéticas e seus processos moleculares, a Drª Michaeli visa melhorar a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes com câncer.

O terceiro apresentador, Dr. Shai Rosenberg, é um neuro-oncologista com doutorado em genética estatística. Ele combinou experiência clínica com especialização em biologia computacional e inteligência artificial. Seu objetivo é empregar o aprendizado de máquina para criar tratamentos personalizados para pacientes com câncer. “Cada tumor e cada paciente”, relatou ele, “tem um perfil de mutação único”. Usando inteligência artificial e “big data”, o Dr. Rosenberg está criando um modelo que revelará quais processos biológicos estão ativos em tumores específicos. Ele então aplicará essa informação aos tumores cerebrais, como o glioblastoma, e identificará um regime de tratamento personalizado ao prever a eficácia potencial da terapia.

O último apresentador foi o Prof. S. Nahum Goldberg, radiologista que imigrou para Israel há 12 anos e tem um compromisso conjunto com a Universidade de Harvard. Seu campo de estudo é a ablação por radiofrequência guiada por imagem de tumores cancerosos. Esse “tratamento da era espacial”, disse ele, envolve a inserção de um eletrodo em um tumor e a aplicação de calor para destruí-lo. Usado especialmente para tumores de fígado, rim, pulmão e ossos, o tratamento é eficaz em 90 a 95 por cento dos pacientes.

Para ajudar a minoria dos pacientes que apresentam crescimento explosivo de novos tumores após o tratamento, o Prof. Goldberg está investigando as proteínas, fatores de crescimento e microRNA que contribuem para esse desenvolvimento preocupante. Ele descobriu elevações em particular de microRNA após a terapia de ablação e agora se esforçará para entender o papel que esses microRNAs desempenham, as vias moleculares que afetam e como eles interagem com as proteínas para contribuir para o crescimento do tumor. O objetivo final, disse ele, é suprimir o crescimento do tumor, visando os microRNAs principais que são os responsáveis por esse crescimento.

Enfatizando o papel central que a pesquisa desempenha no Hadassah, o Prof. Mishani observou que o Hadassah recebeu mais de 50 por cento de todas as bolsas da ISF biomedical para hospitais israelenses. Ele explicou que o espírito de inovação e curiosidade no Hadassah, juntamente com a colaboração frutífera com a Universidade Hebraica, contribuíram para o sucesso do Hadassah. O centro médico está investindo em seus médicos, relatou ele, por meio de seu novo Instituto Wohl de Medicina Translacional e de um novo programa chamado Horizon. Por meio desse programa, o Hadassah dará bolsas a dois médicos que usarão os recursos para estabelecer e financiar seus próprios laboratórios. Eles estarão conectados com mentores e terão tempo livre para fazer suas pesquisas.

Em suas observações finais, o Prof. Mishani agradeceu ao Hadassah International e ao Hadassah, Organização Sionista das Mulheres (WIZO) da América, por seu incentivo e apoio financeiro aos médicos-cientistas do Hadassah.

 

Assista à coletiva de imprensa aqui:

https://youtu.be/AjK9N7sc8w4