Em 1981, o Dr Miguel Sanchez foi um entre um punhado de oftalmologistas estrangeiros residentes no Hadassah Medical Center – e apenas o terceiro residente do Equador. Hoje, o filho do Dr Sanchez, seu sobrinho e a esposa de seu sobrinho são parte de uma próspera comunidade latino-americana no programa de residência oftalmológica do Hadassah.

“Está no sangue”, comenta o Dr Diego Almeda, de 31 anos, que foi o primeiro da família a se juntar ao atual grupo de residentes no Hadassah. Os pais do Dr Almeda são advogados, mas seu avô fundou o Vistotal, um dos primeiros institutos oftalmológicos na capital do Equador, onde seus tios treinados pelo Hadassah ainda praticam.

“Eu cresci brincando na sala de operações oftalmológicas”, diz o Dr Almeda. “Era o meu parquinho. Então acho que não é uma surpresa que eu esteja me especializando em retina. Eu ainda adoro a sala de operações e gosto de todos os tipos de cirurgias de retina”.

O Dr Juan Sanchez, filho do Dr Miguel e primo do Dr Almeda, foi o próximo a chegar. “Meus pais foram treinados no Hadassah”, relata o Dr Sanchez, de 31 anos. “Eu cresci vendo sua devoção à oftalmologia e decidi seguir seus passos”.

O Equador, com mais de 16 milhões de pessoas, tem apenas 372 oftalmologistas. A saúde pública não inclui tratamentos dos olhos, e mais de 250.000 equatorianos são cegos – muitos por causas evitáveis e tratáveis, como catarata e glaucoma.

O Hadassah começou a treinar oftalmologistas estrangeiros residentes em 1961, com os primeiros residentes latino americanos chegando nos anos 70. Até hoje, o Hadassah treinou oftalmologistas de 40 países diferentes.

O programa do Hadassah dura três anos, como nos Estados Unidos, e muitos residentes estrangeiros escolhem ficar um ano a mais para se especializarem como bolsistas. “Hoje estamos treinando a segunda geração de oftamologistas residentes do Equador”, nota o Prof Yaakov Pe’er, ex-diretor imediato do departamento de oftalmologia do Hadassah. “Eu acho que a primeira geração ficou satisfeita com o seu treinamento”.

A Dra Belen Quizhpe, de 30 anos, cresceu em uma família estritamente católica em uma pequena cidade que fica a 12 horas de viagem da capital. “Mesmo como interna médica, eu precisava pensar duas vezes antes de mandar pacientes para exames oftálmicos, porque eles são uma despesa muita alta”, ela explica.

A Dra Quizhpe, a princípio, planejava treinar para ser cirurgiã de transplantes. No entanto, depois de conhecer o Dr Almeda durante seu treinamento médico, ela decidiu segui-lo ao Hadassah para uma residência em oftalmologia e se especializar em transplantes de córnea. “Nós só nos conhecemos no nosso últilmo mês juntos como internos”, ela diz. “Mas nos apaixonamos logo de cara. Diego sabia que queria seguir os passos de sua família e treinar no Hadassah. Seis meses depois que ele saiu do Equador, eu o segui para Israel”.

Os residentes de oftalmologia do Equador rapidamente se aclimataram com as diferenças culturais e de paladar. A Dra. Quizhpe recorda, “Quando estávamos crescendo, grão de bico era servido apenas como castigo às crianças que se comportavam mal. Fiquei surpresa com o fato de grão de bico ser tão gostoso na forma de hummus!”

O Dr Juan Sanchez planeja estudar a Uveíte como bolsista em doenças oculares infecciosas no Hadassah antes de voltar para casa. “Não há tantos oftalmologistas no Equador, e menos ainda que se especializem em doenças infecciosas”, ele diz. “No Hadassah, eu tenho acesso a grandes instalações e tecnologia e o melhor pessoal – todos especialistas na área”.

O Prof Pe’er nota, “Ao treinar residentes estrangeiros, estamos aumentando a qualidade do cuidado ocular num nível global. Muitos dos oftalmologistas estrangeiros graduados no Hadassah lideram o campo nos seus países natais e treinam outros médicos. Através deste programa, o Hadassah ajuda indiretamente milhões de pacientes ao redor do mundo”.