Através de mapeamento topográfico do cérebro, o Dr. Shahar Arzy, chefe do Laboratório Computacional Neuropsiquiátrico do Hadassah, e sua equipe de pesquisa desvendaram um importante mistério da disfunção neuropsiquiátrica.

O mapeamento topográfico do cérebro é a organização, representação e classificação de várias áreas do cérebro no que diz respeito à relação física entre elas. Uma propriedade fundamental do cérebro é que ele utiliza sua organização topográfica, isto é, partes do cérebro que fazem tipos semelhantes de cálculos estão situadas próximas umas das outras (também conhecido como mapa cerebral ou cálculo espacial). O Dr. Arzy e seus colegas do laboratório e da Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica descobriram que é esta continuidade que é perturbada ou reorganizada na doença neuro psiquiátrica. Mais que isto, eles explicam, esta continuidade – ou falta dela – pode ser quantificada, permitindo aos cientistas detectar a disfunção neuropsiquiátrica.

No estudo, os pesquisadores investigaram o papel da continuidade em estados patológicos de duas populações de pacientes: pacientes com Sindrome sensorial cervical Brown-Séquard (dano a um lado da medula espinhal) e pacientes com protusão de disco cervical.

Por estarem realizando cirurgia de reparo da protusão de disco cervical, eles foram capazes de avaliar os pacientes antes e depois da cirurgia. Além disto, trabalhar com seres humanos, ao invés de cobaias animais, permitiu à equipe extrair a experiência subjetiva de seus pacientes, a qual é crucial para o entendimento das funções cognitivas sofisticadas e da neuropsiquiatria.

O estudo envolveu comparação de reações à contínua estimulação sensorial sob Imagem de Ressonância Magnética funcional (RNMf) dos mesmos pacientes. Ao avaliar a divergência de um padrão contínuo, eles descobriram que a continuidade foi perturbada nas mesmas áreas nas duas populações de pacientes. Mais que isto, descobriram que os resultados para o lado não danificado do corpo e reparação pós-cirúrgica eram comparáveis ao do grupo de controle. A potência do sinal provou-se semelhante em ambas as populações.

Conforme a explicação dos pesquisadores, seus resultados sugerem que a sensibilidade diminuida de seus pacientes está mais relacionada à descontinuidade no mapeamento cerebral do que à redução de sinal e que esta disrupção pode ser expressa como processamento patológico e consequente perda de sensibilidade.

O Dr. Arzy salienta: “Estas descobertas sugerem que a continuidade é um princípio primário do cálculo no cérebro, mas em estados patológicos o cérebro pode abrir mão deste princípio a fim de recuperar o máximo de informação possível.”

A equipe de estudos conclui: “Em cada paciente individual, o processamento patológico refletiu-se em discontinuidade de mapas topográficos mais do que em redução de sensibilidade. Estas descobertas reforçam a importância da continuidade na organização topográfica e podem servir como uma biomarca para patologias somatossensoriais (aquelas relacionadas à sensibilidade à dor, pressão ou calor).”

O estudo é destaque no número de Dezembro de 2015 do Proceedings of the National Academy of Sciences.

Para mais sobre o estudo, veja o artigo na Medical Express, “Brain’s mysteries unraveled through computational neuropsychiatry.”

Para mais informação sobre o trabalho do Dr. Arzy, veja “Hadassah Brain Mapping has Important Implications for Early Alzheimer’s Diagnosis.