O médico do Hospital Ein Kerem, Marc Gotkine, estava curtindo uma refeição noturna com sua família no quintal de sua casa de campo 45 minutos ao sul de Jerusalém. Uma mensagem apareceu no telefone de seu filho Asaf, alertando Asaf que seu vizinho de 15 anos, Jonathan, estava tendo um grave ataque de asma.

Asaf, um voluntário do serviço de resgate de ambulâncias Magen David Adom, correu para o local. A pele de Jonathan estava azul, seus lábios estavam pretos e ele não tinha pulso. Asaf começou a ressuscitá-lo e disse a uma pessoa presente para chamar ao médico do Hadassah Baruch Batzofin, residente-chefe no Departamento de Anestesiologia e Cuidados Críticos, que também mora no bairro. Quando o Dr. Batzofin chegou, os dois trabalharam juntos para tentar estabilizar a condição do garoto. O pulso do menino voltou.

“Quando pude ouvir gritos do outro lado do nosso moshav (*), percebi que era muito sério”, disse o Dr. Gotkine, que dirige a Clínica de ELA (*) e de Doenças Neurônio Motoras do Hadassah. “Eu cheguei lá cerca de um minuto depois do Dr. Batzofin. Acho que foi por causa dos esforços iniciais de Asaf que o pulso de Jonathan voltou.”

Nove minutos depois, os paramédicos chegaram. “Para então, Jonathan já tinha sido  entubado,” Gotkine se lembra. “Mas então ele perdeu o pulso novamente, então Asaf começou compressões torácicas mais uma vez.”

A equipe de ambulância transportou Jonathan para a Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica de Hadassah Ein Kerem, onde os cirurgiões realizaram um procedimento para parar os espasmos em seus pulmões.

Jonathan se recuperou completamente. Asaf relata: “Jonathan veio à sinagoga no Shabbat para dizer birkat hagomel”, a oração de agradecimento pela recuperação de uma situação de risco de vida. “Este é o caso mais grave que já participei onde o paciente ficou completamente bem depois”, disse Asaf. “Foi muito emocionante para mim, e senti uma mistura de gratidão e orgulho por ter ajudado.”

Foi também a primeira vez que Jonathan, que teve asma desde criança, teve um ataque com risco de vida.

Asaf espera seguir os passos de seu pai, tornando-se também um médico. Ele está se preparando para os exames de admissão para estudar medicina no programa Tzameret, executado pelas Forças de Defesa de Israel e pela Organização Médica Hadassah.

“Crescendo com um médico em casa, fui exposto ao mundo da medicina”, disse ele. “Eu vejo o que significa quando os vizinhos vêm fazer perguntas médicas, e eu observo meu pai em telefonemas nos quais ele dá conselhos para médicos juniores.”

O valor de salvar vidas é profundo na família de Asaf. Uma de suas irmãs também é voluntária de ambulância, e outra está prestes a participar do serviço. Asaf acredita que é crucial para a pessoa comum aprender técnicas básicas de salvamento. “Embora sempre esperamos que não tenhamos que usar o conhecimento, nunca sabemos quando precisamos dele. Ter esse saber pode significar a diferença entre a vida e a morte, talvez para o seu vizinho.”

(*) Moshav: tipo de comunidade rural israelense de caráter cooperativo, semelhante ao kibutz, que combina fazendas geridas em forma privada com diversos serviços coletivos. (Nota do tradutor)

(*) ELA: Esclerose lateral amiotrófica. (Nota do tradutor)